A panificação iniciou a segunda década do século XXI com o pé esquerdo. Exatamente no dia 31 de dezembro de 2019 a Organização Mundial da Saúde recebia informes de que vários cidadãos chineses sofriam um tipo de pneumonia. Logo após inevitavelmente veio a pandemia e a suposta pneumonia passou a ter nome e sobrenome: Covid-19.
Praticamente 2 anos depois, quando parecia que as coisas se encaminhariam, veio o conflito entre Rússia x Ucrânia e elevou o preço do trigo. Assim, o que já estava difícil passou a ficar caro também. Entenda o aumento do trigo neste outro post.
Crescimento na panificação é de R$5,79 bilhões no período
Segundo apuração do Instituto de Desenvolvimento das Empresas de Alimentação (veículadas pela Associação Brasileira da Indústria de Panificação e Confeitaria), entre janeiro e maio de 2022 o setor de panificação e confeitaria teve um crescimento real de 14,8%, além do crescimento de 5,25% dos clientes no mesmo período.
O preço médio do pão francês era de R$17,19/kg em maio de 2022. Houve aumento de 19,50% nas vendas e 9,25% no ticket médio, tudo isso com uma discreta redução de 0,42% na venda do pão francês. Não está claro se o aumento foi decorrente da venda de outros pães ou de itens não panificados ou confeitados, como mercearia.

Fazendo as contas
Aqui no litoral de São Paulo, o pão francês nas melhores padarias passa facilmente dos R$20/kg. Em bairros mais populares é possível encontrar por menos de R$10/kg, já vi uma padaria vendendo por R$8,90/kg! Ainda que nem todo mundo possa pagar R$23/kg no pãozinho, é essencial entender que uma padaria vendendo pão por R$10/kg está praticamente pagando para trabalhar.
De novembro de 2019 a março de 2022 a farinha de trigo aumentou em média 85,1%, sendo assim necessário o preço médio de 24,83/kg para manter a mesma lucratividade para os padeiros (defasagem de 32,9%). Então se o seu pão tem o preço médio parecido com o da pesquisa, você já está absorvendo parte do aumento do consumidor, a outra parte (que é até maior) é absorvida pelos moinhos.
Ideia para os padeiros (olha a oportunidade!)
O consumidor não pode pagar mais caro no pãozinho, mas tá pagando muito bem no iFood. Em uma retrospectiva publicada no próprio site, o tipo de alimento mais pedido foi o hambúrguer. Foram vendidos 100 milhões de hamburgueres entre janeiro e novembro de 2021, em outras palavras são 4 hamburgueres por segundo! Se isso não for o bastante, saiba que o terceiro do pódio é o sanduíche.
Eu amo hamburguer, mas confesso que se tem uma coisa que me desanima são os pães de hambúrguer. Quase sempre o pão tem aspecto de velho, seco e sem gosto, ou seja, as possibilidades são diversas. Pães de brioche, bolinha, cachorro quente, de forma… Só não esquece de me pagar os royalties quando ficar rico (pode ser em cerveja).

Quanto tá o kilo do pão onde você mora? Pensa diferente? Deixe um comentário com o seu ponto de vista!
Por Carlos Martins
Diretor comercial da Forte Dourado, ex-funcionário público que decidiu mudar de área para trabalhar com o que mais gosta: alimentação e seus assuntos. Graduando em engenharia de alimentos.
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